terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Voces...


Sai de casa, desta vez fiz as malas... ela ficou aos berros no quarto, os insultos já não me magoavam mas sim aquela sensação de falta de... espaço, liberdade... jurei nunca mais voltar aquela casa, rumei nessa tarde à praia... sentei-me numa esplanada respirava aquela brisa suave e fresca, vi-a as miudas sem compromissos e sem responsabilidades, sem tempo contado, a comprar um gelado, a passear, a rir... sorri... recordei-me do sorriso dela quando a conheci, e o que mais me derretia o da nossa filha, pequenina que fizemos com tanto amor e carinho... liguei a um amigo para ficar uns dias em casa dele até quem sabe comprar uma casa para mim... nessa noite jantei com ele e recordei-me da confusão que já sentia falta, a minha filha a berrar pelo leite eu e ela a decidir quem jantava depois, a cobrança do dia anterior e de quem era a vez agora... o meu amigo saiu eu fiquei... queria descansar.. deitei-me no silencio e recordei-me do gargalhar da minha filha quando a deitava no meu peito mal me deitava na cama... da minha mulher me acariciar o cabelo e perguntar ao meu ouvido se estava cansado ou desejava uma massagem para relaxar... das vezes que fizemos amor, sexo ou simplesmente nos acariciamos com alguma malicia, vontade ou desejo...
Dia seguinte acordei... não tinha o pequeno almoço pronto à minha espera, nem a minha filha a acordar e a sorrir-me cheinha de soninho... estava tudo sossegado, demasiado sossegado... queria ouvi-la, ouvi-las... queria voltar a sentir-me parte de uma familia, da MINHA familia... queria de volta o que deixei para tras, o que abandonei por falta de paciencia, por ter ido ao limite do que achava ser uma prisão, sufoco e tortura mental... afinal elas eram o meu mundo, elas SÃO o meu mundo e dava tudo para as ter de volta...

Não precisava esperar nem mais um dia... um chegou para lhes sentir a falta, para me sentir tão vazio que tinha pena de mim, chorava como um bébé e assim fui sem conseguir parar o caminho todo de regresso à casa que ainda chamava de minha, de NOSSA.

Quando entrei a minha mulher segurava no seu bendito colo o nosso fruto do amor... pus-me de joelhos... sorri ainda a chorar e estendi os braços pa minha filha que abriu aqueles olhos de anjo e me sorriu... recebeu-me da forma mais doce que alguem alguma vez me recebeu... beijei a minha mulher e disse :

"Sem voces não sinto liberdade, sinto... falta de ar!Sinto-me vazio...voces sao o meu mundo, e tudo o que importa!"

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