terça-feira, 5 de janeiro de 2010

VIDA


As mãos cansadas de minha mãe me afagam acalentando os meus sonhos ora ja desfeitos era em construçao... olhos de meu pai fustigados pelo trabalho arduo, pela luta continua e diaria em tantos anos, corpo de minha avó em extremo declinio e a sua face triste que me emociona...pergunto-me só se vive uma vez para provar estes dissabores, a dor e a perda inevitavel de quem amamos? Qual ser impotente, qual assistente de circo nesta jaula mundial, crucial e nefasta?...
Dificuldades falas-me tu? Dificuldade tenho eu em digerir este panorama intitulado ciclo de vida, dificuldade é o resumo da vida de meus pais, minha avó, que nunca cessaram a luta mas nunca se viram galardoados nem vitoriosos mas sobreviventes... dificuldade é o que sinto em aceitar tal sorte...
Precalços aceito de tua boca, dificuldade é sobrevivencia não é recusa de luxo, ou pedra no sapato ou queda na calçada...
Sabes quantas vezes me apeteceu acabar com a sua dor? Mil e estarei a mentir....
Quantas vezes rezei para que a sorte os brindasse, para que fossem abençoados por algo imensamente magico e pacifico? Duas mil e estarei a mentir...
Quantas vezes chorei no silencio da minha tão grande revolta dolorosa da impotencia sentida? Dez mil e estarei a mentir...
Não não muda nada eu bem sei...
Mas alivia a alma por uns segundos... e tudo voltará, e voltarei a questionar a vida ou que raio é...
Sabias que sou sensivel à dor dos outros e que com essa a minha aumenta em proporções interminaveis?
Sabias que... eu nunca fui egoista?...é um segredo meu...guarda-o bem... para no dia em que me vires chorar agarrada a esta vida, pois outra ainda não conheci, entenderes a razão dessas lagrimas...não vou querer a tua piedade nem a tua solidariadade so que faças um truque de magia... e que tudo volte a estar como foi... sorrisos e felicidade... na sobrevivencia ou não daqueles que tanto amo... e que não tenho preparação para perder de forma alguma...

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